quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Fiona Apple - Extraordinary Machine



Há dias voltei a ouvir princesa Fiona ..e como soube beeem!

sábado, 20 de dezembro de 2008

Air - Playground Love



Mais uma música linda com uns anitos! Em tempos arranjei uma versão feita pelos próprios Air para vibrafone, mas entretanto perdi-a...banda sonora de Virgens Suicidas, filme inesquecível de estreia como realizadora da Sofia Coppola, vi-o no já encerrado Nun'Álvares, numa das melhores noites que já tive.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Rua da Picaria

"Ainda se compram móveis aqui, mas a rua onde nasceu Sá Carneiro está a mudar

Nesta artéria conhecida pelas marcenarias já há um bar e uma galeria, e começam a chegar novos habitantes. Estará a nascer um novo centro cosmopolita?



Para a maior parte dos portuenses, a Rua da Picaria é sinónimo de móveis. A carpintaria e a marcenaria, a par da venda de mobiliário, ainda é a actividade dominante, mas o negócio atravessa um período de acentuada decadência. Ao mesmo tempo, sente-se nesta rua um sopro de modernidade que promete mudar a sua face nos próximos anos.
O expoente máximo desta renovação é a galeria de ilustração e desenho Dama Aflita, que abriu em Novembro. O espaço é pequeno, mas suficiente para albergar obras nestes suportes. "Queremos fomentar coisas de bairro, criar situações de diálogo, por exemplo, com as lojas de mobiliário", adianta Júlio Dolbeth, ilustrador, docente universitário e um dos promotores. O artista madrileno Luís Urculo, com trabalhos em técnica mista, é o primeiro a expor na galeria, que é "pioneira em Portugal" na sua abordagem. Na sala das traseiras está a Cinbol, uma empresa de organização de eventos e consultoria, nomeadamente de imagem. Estará a rua a ser contaminada pelos ares cosmopolitas da vizinha José Falcão, ou mesmo de Miguel Bombarda? Inês Costa e Simão Bolívar, os dois sócios da Cinbol, e Júlio Dolbeth, todos moradores na Baixa do Porto, acham que sim, e que as indústrias criativas vão dar cartas.
Nas lojas de móveis, o sentimento é distinto. O PÚBLICO visitou algumas (garantiram-nos que há seis em actividade, mas nem todas estavam abertas) e percebeu que está a terminar um ciclo. Há falta de condições de estacionamento e a maioria das peças tem um design datado. A actividade sobrevive graças a um punhado de clientes fiéis e de meia-idade. Os comerciantes resignam-se e também aceitam culpas: "Nunca estivemos unidos, e há coisas que não se pode mudar sozinho", admite José Carvalho, da Carvalho & Cunha, Lda.
Rua de "boas famílias"
Quem chegou a prometer mudar o país foi a mais célebre personalidade nascida nesta artéria íngreme, em 1934: Francisco Sá Carneiro. O primeiro presidente do PSD cresceu no número 49, uma casa ampla e própria de uma família burguesa, e montou ainda, do outro lado da rua, o seu escritório de advocacia. Hoje, é Miguel Veiga, também ele fundador do partido, que exerce a actividade na Picaria.
Ao andar de porta em porta, encontrámos o cicerone ideal para conhecer a história da vizinhança: Reinaldo Pereira, gerente de O Ernesto, restaurante de cozinha tradicional portuguesa, no número 85. O actual proprietário tomou conta do negócio em 1990, depois de o herdar do seu pai, Ernesto Pereira, que comprou o estabelecimento em 1968. Reinaldo Pereira viveu na Picaria desde os 14 anos, mesmo por cima do restaurante, e fala de uma rua de "boas famílias", onde antigamente "até vinha gente de Lisboa" comprar mobiliário. Do passado, guarda um episódio marcante: o dia da morte de Sá Carneiro, quando a massa humana que aguardava o comício em que o político deveria estar presente, no Coliseu, se dirigiu para a rua, após a notícia do acidente em Camarate. "Isto estava cheio de gente aos gritos, a gritar contra os comunistas. Era de arrepiar", relembra. Quanto ao restaurante, não se deixe enganar pelos azulejos datados da entrada: eles são o que resta dos distantes anos 60, porque agora O Ernesto tem duas acolhedoras salas (e até um pátio) nas traseiras, com uma pequena cascata e quadros de Henrique do Vale e Augusto Canedo. A comida é tradicional e de sabor caseiro e um cliente ponderado até pode sair de lá com uma conta de apenas dez euros.
Onde também há quadros nas paredes é na Moldursant, uma loja de molduras e materiais para Belas-Artes que já data de 1917. Esta casa é uma das referências do Porto para artistas e estudantes da área e consegue escapar à crise mais profunda dos "vizinhos" do mobiliário. Obras de artistas como Sobral Centeno e Júlio Resende foram sendo doadas à gerência e servem agora de decoração à loja. Alguns jovens artistas também deixam trabalhos em exposição na Moldursant, o que a torna numa espécie de galeria. Continuando nas artes, acrescente-se que o Teatro Art'Imagem tem aqui instalações. E resta-nos falar do Rosa Escura (o nome vem do seu papel de parede), por ora o único bar da rua. Só abre à noite, e o ambiente é calmo e acolhedor. Nesta antiga loja de bicicletas, há sempre peças de joalharia, quadros e esculturas em exposição.
Para quem se questiona sobre a origem do nome da rua, aqui vai a resposta: falar em picaria é o mesmo que falar em equitação e sabe-se que a artéria tinha várias actividades relacionadas com os cavalos, até ao primeiro quartel do século XX. Depois vieram os móveis. Estaremos na fase da transição para uma nova Picaria? Reinaldo Pereira julga que sim, e garante que um prédio recentemente recuperado tem os seus sete apartamentos "já alugados", e que se fala em mais projectos de reabilitação.
O PÚBLICO pôde verificar obras em pelo menos um imóvel. A Picaria parece estar a recuperar alguns moradores, principalmente jovens, depois de um processo de desertificação iniciado nos anos oitenta."

Artigo de João Pedro Barros, in Público

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Podem Falar

A coisa assim não dá, disse-me um dia o meu pai
Tu vives em sociedade e tens que perceber
Que as regras são para se cumprir... não sei se tu estás a ver, pá...
Ah, ah! - disse eu - Estou a ver muito bem...
Mas já agora diz lá que culpa tenho eu
Que no teu jogo existam cartas que não fazem sentido no meu...
Podem falar, podem falar,
Que o meu lugar é andar e o meu passo é correr
De vez em quando a cantar de vez em quando a sofrer.
Podem falar, podem falar,
Mas estão a perder tempo se pensam que um dia me hão-de amarrar.
As principais capitais aprendi eu no liceu,
Vi retratos de reis em tronos de ouro e marfim,
Mas ninguém me ensinou a nadar no rio que nasce dentro de mim.
Um dia pus-me a lutar, com as minhas contradições
Estive quase a morrer, mas acabei por escapar.
Para quem ama a liberdade o importante é nunca parar
Podem falar, podem falar,
Que o meu lugar é andar e o meu passo é correr
De vez em quando a cantar de vez em quando a sofrer.
Podem falar, podem falar,
Mas estão a perder tempo se pensam que um dia me hão-de amarrar.
Já vi muita gente a tentar agradar
A todo o gajo que pensa que nasceu para mandar,
Mas tenho visto muita gente que está só, a morrer devagar,
E a distância que existe entre o não ser e o ser
É uma questão de não se ter medo de ir longe demais.
O que ainda não tem preço é sempre o que vale mais.
Podem falar, podem falar,
Que o meu lugar é andar e o meu passo é correr
De vez em quando a cantar, de vez em quando a sofrer.
Podem falar, podem falar,
Mas estão a perder tempo se pensam que um dia me hão-de amarrar.

in 'Té Já (1979)

domingo, 7 de dezembro de 2008

Rua do Bonjardim

" Na rua onde nasceu a francesinha, é a degradação que hoje mais ordena

Na rua do Bonjardim, há de tudo, muitas casas desabitadas e muita tristeza. Mas, numa rua onde o tempo parou, também encontramos coisas boas

A "Esta deve ser a pior rua do Porto, em termos de piso, casas e frequência." O aviso é feito pelo advogado Coutinho Ribeiro, que há quase 20 anos tem escritório montado na vizinha Rua de Fernandes Tomás, e que todos os dias percorre parte da artéria a pé. A história da Rua do Bonjardim tem muito de bas fond.
Aqui se concentram trabalhadoras do sexo e muitos dos bares de alterne e striptease da cidade. "As prostitutas são muito simpáticas, até parecem ter vergonha de existir, mas nos últimos anos são mais novas e mais agressivas, pedem cigarros ou uma moeda para comer um bolo", conta o jurista. As zaragatas são, ainda assim, ocasionais: "Fazem uma gritaria e puxam o cabelo umas às outras, mas passa depressa." Ao lado, quando o dia corre mal no Bolhão, há vendedoras com cestos de hortaliças ou meias.
O retrato é sombrio, mas é muito difícil pintá-lo de outra cor. O PÚBLICO percorreu os mais de 1,5 quilómetros do arruamento, desde a Rua de Sá da Bandeira até ao Marquês, e encontrou um universo que vai escurecendo à medida que se avança. Até às traseiras do Palácio dos Correios, a reabilitação urbana da Porto 2001 "lavou a cara" da rua, mas a partir daí quase só se vêem "pedras sujas e gastas", como canta Rui Veloso em Porto sentido. Para lá do cruzamento com a Rua de Gonçalo Cristóvão, o panorama chega a ser aterrador: parece que se sai da cidade e se entra numa aldeia desabitada, de casas em ruínas, onde sobrevivem velhas tascas com sardinhas fritas e couratos expostos nas montras e cafés onde se jogam cartas às escuras "para poupar na luz". A reabilitação urbana está a anos-luz de distância da antiga estrada de Guimarães, durante décadas uma das principais saídas da cidade.
Mas também há histórias mais alegres para contar. A mais conhecida de todas é a do nascimento da francesinha, no restaurante Regaleira, no pequeno troço da artéria que fica entre a Rua de Sá da Bandeira e a Rua do dr. Magalhães Lemos.
A autoria desta criação pode não ser tão debatida como a da Ilíada, mas aqui o Homero é Daniel David Silva, um ex-emigrante que pegou na tradição da tosta francesa (ou croque-monsieur), adicionando-lhe molho, e criando uma iguaria que rapidamente ganhou fama. Corria o ano de 1953 e um dos actuais sócios, Augusto Marinho, era então seu ajudante. Hoje, guarda consigo o segredo do molho (que é bem picante), e mantém a tradição de usar carne assada entre fatias de pão de bijou, o que lhe permite dizer que a sua francesinha é "única". Como os juízos de valor são complicados, só podemos garantir que, por ser tão purista, se trata de uma versão diferente. Augusto Marinho ironiza: "Se tivesse registado a patente, agora éramos donos do mundo."

O charme d'A Brasileira

A Regaleira é um restaurante para encher a barriga, sem grandes luxos, à imagem da rua. Porém, a poucos metros, há algo completamente diferente: o Caffé di Roma, que ocupa a "sala pequena" do antigo e centenário café A Brasileira, faz do charme a sua grande arma. Quase em frente à Regaleira, há o Rei dos Queijos, outro local onde impera a tradição.
Aberto em 1933, é actualmente um pequeno café/pastelaria que continua a ter o queijo da Serra de marca própria, feito de leite de ovelha bordaleira, como o grande expoente. Depois, há pequenas delícias como os pastéis de Tentúgal e de feijão ou queijadas. Tudo o que experimentámos mereceu aprovação. Mais sugestões gastronómicas: as bifanas da Conga e a comida regional do Ginjal do Porto e do mítico Antunes.
Mudando de assunto, falemos de mercearias finas, à imagem de outros tempos. Acima do cruzamento com Fernandes Tomás, há duas que respiram saúde: a Feira do Bacalhau (aberta desde 1925, promete "o melhor bacalhau da cidade") e o Pretinho do Japão. Para comprar livros, duas sugestões: a Livros Bonjardim, no número 398, um alfarrabista com um gigantesco armazém; para banda desenhada, há a Central Comics.
Voltemos ao lado negro, num tom humorístico: no segmento mais obscuro da rua, há uma série de estabelecimentos que disputam o título de nome mais cómico da cidade. Os candidatos são o restaurante Sai Cão, o salão Beleza Rara e o night club Ana Paula. Não entrámos em nenhum destes sítios, mas ficámos a conhecer o Pride Bar, quase junto ao Marquês. Faz parte do roteiro gay da cidade, e tem espectáculos com travestis, strip-tease ocasional e pista de dança. É um dos locais da cidade com as portas abertar até mais tarde.
Descendo um pouco, até ao número 1254, encontra-se um belíssimo palacete abandonado, engolido pelas silvas, e mesmo em frente à Rua do Paraíso há um fontanário em pedra, a Fonte de Villa Parda, que data de 1859 e está agora sem água.
São duas belas metáforas de uma rua marcada em quase toda a sua extensão por "polidores de esquinas", reformados em passeio higiénico, cafés onde gente sem trabalho beberica um fino a meio da tarde. Em muitos momentos, parece que aqui se parou no tempo."

Artigo de João Pedro Barros, in Público

De facto esta rua será provavelmente das que mais estranheza causará a quem percorre a cidade. Como é dito no artigo, apesar de ser bastante longa, funciona por pedaços descontínuos que fazem com que perdamos a noção de rua no seu todo.
Não posso deixar de acrescentar que a meio desta rua, algures entre o Marquês e a Trindade, em local semi-esncondido fica um restaurante bem simpático do qual já tenho bastantes saudades, a Taberna D. Castro,vale a pena!

sábado, 6 de dezembro de 2008

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Pianos

Aos oito anitos, estava ainda praticamente a dar os primeiros passos no piano, os meus pais ofereceram-me um piano vertical, que ainda está lá por casa, apesar do pouco uso vergonhamente dado por mim. Passados vinte e dois anos, resolvi oferecer-me de prenda das três décadas um piano digital cá para o meu cantito..digital para gáudio da vizinha de baixo...se ela ouvisse uma tecla cairia o carmo e a trindade certamente!!! E chega mesmo no dia! amanhã de manhã já chega! Agora resta dar rentabilidade ao investimento e aparvalhar quanto baste ao piano.