segunda-feira, 27 de abril de 2009

Teatro Sá da Bandeira à venda



Já ando para dissertar sobre isto há algum tempo e não passa de hoje:

Desde há 3 ou 4 meses que o Teatro Sá da Bandeira no Porto, um dos mais antigos da cidade, está à venda. A grande surpresa é que poderá ser vendido para qualquer fim!! Ou seja, pode vir a ser um edifício de escritórios, bloco de apartamentos, hotel...etc e tal...desde que, se mantenha a fachada! Não querendo dizer que a fachada deve vir abaixo, entendo eu que a mesma é o que menos interessa. Tendo em conta o contexto, é mais que óbvio que a fachada deve ser património a proteger, mas mais património ainda será o INTERIOR e aquele magnífico teatro " à italiana".
Na comunicação social pouco tenho lido e visto sobre o assunto, por responsáveis políticos...ZERO...por personalidades da cidade...quase nada. Estou para ver se quando efectivamente for vendido para algum fim que não seja o natural (teatro, cinema, dança), alguém acorde para o absurdo da situação...eventualmente tarde demais, como se a cidade tivesse um excesso de espaços com esta importância
A solução poderia ser bastante "simples": o senhor La Féria desamparava a loja do Rivoli, e o Rivoli voltava a ter a função de teatro municipal, onde o Estado cumpriria a sua função de assumir uma programação abrangente e diversificada, albergando várias formas de artes performativas em vez da programação monotemática, e o La Féria gastava dinheiro do seu bolso, comprando o Sá da Bandeira, requalificando-o, à semelhança do que se passou com o Politeama em Lisboa (bem, a meu ver). Claro que idealmente, dispensava que o La Féria fosse para o Sá da Bandeira, mas antes isso do que a demolição que parece ser uma forte possibilidade.
Já agora, seria interessante saber o que a candidata do PS à Câmara Municipal do Porto tem a dizer sobre o assunto, se é que já pensou sobre ele.
Para concluir, e voltando atrás, como é possível que legalmente haja a possibilidade de mandar abaixo aquele teatro? (ok...a fachada fica...)

domingo, 26 de abril de 2009

Leonard Cohen - Suzanne



(mais uma revisitação feita por Jorge Palma com muita alma ao piano, no passado dia 17...e o resultado foi muito bom!)

sábado, 25 de abril de 2009

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Jorge Palma - Mifá




Mifá
É de um comboio que eu te escrevo,
Mifá
São os teus olhos que eu levo,
Mifá
Dentro dos meus
Vê lá tu

Mifá
O amor nem sempre é brincadeira,
Mifá
Quer a gente queira ou não queira,
Mifá
As coisas são mesmo assim

E toda esta conversa
É só por tu teres vindo comigo
Por termos conseguido chegar juntos ao ninho

Por esses momentos em que eu
Não fui sózinho
Mas depois foi a bagagem
E o inevitável adeus do caminho,
Mifá
Tem cuidado contigo

Mifá
Não vou soluçar por ti,
Mifá
Mas tenho um espaço vazio aqui,
Mifá
No meu coração
Vê lá tu

Mifá
Solamente una
Dói se pensarmos que
Isto é o fim
Mas resta sempre
Alguma coisa

E toda esta conversa
É só por tu teres vindo comigo
Por termos conseguido chegar juntos ao ninho

Por esses momentos em que eu

Não fui sózinho
Mas depois foi a bagagem
E o inevitável adeus do caminho,
Mifá
Tem cuidado contigo

E toda esta conversa

É só por tu teres vindo comigo
Por termos conseguido chegar juntos ao ninho
Por esses momentos em que eu
Não fui sózinho
Mas depois foi a bagagem
E o inevitável adeus do caminho,
Mifá
Tem cuidado contigo


Jorge Palma in Acto Contínuo (1982)

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Bob Dylan - Like a Rolling Stone



E mais um clássico presente no concerto de Jorge Palma no sábado passado. É verdade que sou suspeito mas confesso que prefiro ouvir este tema em especial pela voz do Jorge do que na Dylan.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Rua da Torrinha

"Há novidades para descobrir por entre as várias lojas de antiguidades

Os jogos da Devir Arena, os bolos do Doce Ritual e a bijutaria da Tempo solto vieram animar uma artéria tradicional do Porto cheia de histórias para contar

A Rua da Torrinha é tipicamente portuense: estreita, algo sombria, até íngreme. Há décadas que é um dos principais pólos de aglutinação de antiquários na cidade: contámos sete lojas do género, a que temos que juntar mais algumas dedicadas ao mobiliário contemporâneo. Por isso, podemos considerá-la a versão portuense da lisboeta Rua de São Bento. No passado, a artéria teve outras actividades: durante o Cerco do Porto (1832-1833), os paços do concelho foram transferidos para o número 35 e nesta zona habitavam grande parte dos "bravos do Mindelo", entre os quais o próprio D. Pedro IV. Aqui também cresceu um dos pólos da industrialização portuense, nomeadamente no sector têxtil: a Fábrica de Asneiros, fundada em 1850, terá sido a mais célebre. No século XVII, há ainda registo de uma praça de touros no arruamento. De acordo com a Toponímia Portuense de Eugénio Andrea da Cunha Freitas, a Rua da Torrinha começou a ser rasgada no princípio do século XIX, em terrenos de um casal com esse nome, mencionado em registos paroquiais a partir de 1625.
Nos dias de hoje, há uma curiosa mistura de novo e velho na artéria. Por exemplo, no número 37 está o tradicional Colégio Liverpool, propriedade da Congregação das Religiosas Missionárias de S. Domingos, cuja existência data de 1937. A Telmo & Diegues, há quase 40 anos no número 148, é um dos estabelecimentos mais curiosos: é uma oficina de reparação de electrodomésticos, especialmente televisões, que tem na montra um velho modelo reduzido ao ecrã e ao cinescópio, plenamente funcional. Aqui tanto se reparam modernos LCD como televisores (e rádios) com mais de 20 ou 30 anos. Poderíamos pensar que ninguém os quereria, mas afinal há muita gente com um carinho especial por velhos aparelhos com história familiar. Se se quiser livrar do seu velho televisor pode deixá-lo aqui, porque pode ter peças úteis a futuras reparações.
Depois, temos as casas dedicadas às antiguidades e velharias, que são, de uma forma geral, generalistas. É que o mercado portuense não permite uma maior generalização e, diz Pedro Santos, da Dickson Antiguidades, "há uma grande desunião" entre os proprietários. "Devíamos ter uma dinamização conjunta, como na Rua Miguel Bombarda", acrescenta. Ainda assim, o número de lojas até tem vindo a crescer nos últimos anos. A Dickson é uma das casas com uma oferta mais cuidada, destacando-se pelas faianças, porcelanas e arte sacra dos séculos XVII, XVIII e XIX, e alargando o seu raio de acção até ao século XX no caso da pintura e das pratas. Os antiquários Caco Velho, Ângelo Neto, Tempos Antigos e Carlos Cunha são alternativas.
Quase no cruzamento com a Rua da Boa Hora está a Vinhático, propriedade do decorador João Madureira, um dos sócios do Café Lusitano, na Rua José Falcão. O mobiliário em estilo vitoriano inglês foi o ponto de partida, mas encontrámos mais mobiliário nórdico, dos anos 50 e 60, na nossa visita à loja. Também há objectos orientais e pintura, que João Madureira usa nos seus trabalhos de decoração. Ao lado, a Casa Leal conta com quase 40 anos de actividade, mas acompanha o espírito do tempo: adopta agora a designação "design and furniture" e vende mobiliário de traços contemporâneos, cujo acabamento é feito numa oficina nas traseiras.
Quanto às novidades: Comecemos pela Devir Arena, uma loja especializada em cartas coleccionáveis, banda desenhada (portuguesa e importada, sobretudo dos Estados Unidos), jogos de tabuleiro e miniaturas. Na cave, há uma sala onde se realizam torneios e partidas informais de jogos como Magic: The Gathering. O calendário de eventos está em arenaporto.blogspot.com. Entre a Rua da Boa Hora e a Rua de Cedofeita está o Doce Ritual, que se dedica ao tríptico sabores, arte e leitura. É o primeiro item que se destaca: o bolo de chocolate é um ex-líbris, mas há outras especialidades caseiras, doces regionais e biscoitos, bem como uma alargada selecção de chás. Os menus de almoço são centrados nas massas e legumes. Aqui há sempre uma exposição para visitar e a componente de leitura reflecte-se nos poemas colocados nas mesas e nos livros e jornais à disposição. Mais acima, a Temposolto apresenta sugestões de pequenas prendas artesanais, com destaque para a bijutaria da criadora Ana Alves. Além disso, tem livros (infantis e best-sellers), carteiras, sais, velas e sabonetes.
A rua, onde está também a sede distrital do Bloco de Esquerda, já fez parte do roteiro nocturno do Porto, até há cerca de dois anos. Aos fins-de-semana, a Casa da Madeira do Norte transformava-se num bar onde não faltava a cerveja Coral e a também regional poncha. Problemas com a vizinhança puseram fim ao que seria agora uma descontraída alternativa para a movida da Baixa."

Artigo de João Pedro Barros in Público

domingo, 19 de abril de 2009

The Doors - People Are Strange



(inesperada revisitação deste clássico feita ontem por Jorge Palma no Centro Cultural Vila Flor numa noite memorável)

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Goran Bregovic - Ederlezi

Enquanto durou a parceria entre Goran Bregovic e Emir Kusturica, o resultado alternou sempre entre o Bom e o Muito Bom. No plano musical, em comparação com Kusturica, Bregovic destaca-se claramente dando-nos a conhecer o melhor da alma da música tradicional dos Balcãs. Como ainda ontem dizia uma amiga: " Kusturica é festa a mais!"... e de facto apesar de saber bem ouvir um concerto de Kusturica acompanhado pela surreal No Smoking Orchestra, prefiro Bregovic com a sua banda de casamentos e funerais!
Intensa e inquietante esta música que integra a banda sonora de Tempo dos Ciganos, em mais um retrato da cultura daquele povo, como Kusturica durante uns anos nos habituou.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Morcheeba - Part Of The Process

E claro, novamente Morcheeba com Skye Edwards na voz no meu estaminé!

Estes senhores foram responsáveis pelo meu primeiro concerto em Lisboa, na Aula Magna. Na altura fiquei mais que fulo por terem duas datas lá e nenhuma cá em cima..no final do concerto ainda se tentou roubar um cartaz em pleno Terreiro do Paço, mas nops, estavam bem colados! Volvidos dois anitos deram um concerto memorável no Coliseu do Porto. Este vídeo faz-me lembrar sem dúvida esse concerto no Coliseu, onde tavamos colados às grades completamente babados (palavras da Fio em comentário a post anterior hehe).

terça-feira, 14 de abril de 2009

Lucy



Com excepção de um caso ou outro, eventualmente ao sábado à noite na RTP2 e ao domingo a horas tardias na RTP1, cinema de qualidade nos canais generalistas é coisa bastante rara. Mas ontem dei por mim colado a um filme que comecei a ver por mero acaso: I Am Sam (A Força do Amor). Só conhecia este filme pelo nome, e conta-nos a história de um pai com uma deficiência mental que luta nos tribunais para conseguir a custódia da sua filha, Lucy, de 7 anos. A interpretação do Sean Penn está fabulosa!
Como fio condutor, temos Beatles na banda sonora...

domingo, 12 de abril de 2009

Rua da Fábrica

"O Grande Hotel de Paris ainda é a sala de visitas da artéria dos livreiros

O mítico café Estrela d'Ouro também está de volta à rua que os turistas e a "movida" da Baixa do Porto (re)descobriram. As livrarias continuam por aqui, mas as vendas diminuíram

Há duas ou três décadas, o regresso às aulas de qualquer aluno do Grande Porto implicava uma visita quase obrigatória às papelarias e editoras da Rua da Fábrica. Hoje, os livreiros da artéria - que forma com a Praça de Carlos Alberto e a Rua dos Mártires da Liberdade o triângulo de maior densidade do sector no Porto - garantem que o título de centro do livro no Norte ainda se mantém, embora as vendas já não sejam as mesmas, face à concorrência das grandes superfícies. Muitos clientes das independentes Livraria de José Alves, Sousa & Almeida e Editora Educação Nacional vêm especificamente à procura daquilo que não encontram nas lojas dos centros comerciais. A "gigante" Porto Editora também está presente e a rua até tem significado histórico para o grupo editorial. A sua primeira livraria/papelaria foi inaugurada aqui, em 1944. A loja actual data de 1966 e tem um cariz generalista. Bem mais antigo é o Grande Hotel de Paris, inaugurado em 1888, e que pode ser considerado a sala de visitas da rua, com um passado de hóspedes notáveis, de Camilo Castelo Branco a Eça de Queirós.
Antes de prosseguirmos, debrucemo-nos um pouco sobre a toponímia do arruamento, que se deve à Real Fábrica do Tabaco, cuja prosperidade chegou a ser considerável no século XVIII. No século XXI, os noctívagos da vizinha zona das Carmelitas não descem até aqui à procura de cigarros, mas sim das cervejas e das sandes de presunto da típica mercearia Casa S. Jorge, aberta pela noite fora. O Royal Kebab, mais abaixo, é alternativa.
Voltemos às livrarias, para perceber os diferentes conceitos. A Livraria de José Alves, na esquina com a Rua de Aviz, sucedeu à antiga ASA e especializou-se em livros técnicos, de engenharia, economia ou informática. A Sousa & Almeida vem de 1952 e continua a ser gerida por um dos fundadores, Joaquim de Almeida. As áreas fortes são História, Arqueologia, Arte Portuguesa e Etnografia, bem como os livros antigos seleccionados. Também há uma secção de livros galegos e de temas africanos. Na Editora Educação Nacional, que chegou a ser uma das mais relevantes do país em termos de ensino básico, a oferta concentra-se nos guias turísticos, livros escolares do primeiro ciclo e literatura infanto--juvenil. Todos os estabelecimentos se queixam do mesmo: da falta de estacionamento e das obras prolongadas de requalificação, realizadas no âmbito da Porto 2001 Capital Europeia da Cultura. "A rua ficou bonita, mas foi a machadada final, nunca mais houve retoma", sublinha José Alves.
Ao Grande Hotel de Paris ninguém tira o título de estabelecimento com mais história da rua. Foi fundado em 1888, mas o antecessor Hotel Francês tem referências muito anteriores.

O hotel de Camilo

Entre outras curiosidades, diz-se que o Grande Hotel foi o primeiro no Porto a ter água quente nos quartos. Em 1849, albergou o escritor Camilo Castelo Branco. Em 1999, a unidade passou para a actual gerência, de David Ferreira, que procedeu a obras de recuperação, mantendo a traça e os objectos antigos. Os 42 quartos costumam estar ocupados por turistas "europeus, jovens e que não querem um hotel standard", revela David Ferreira. No salão de refeições, só se servem agora os pequenos-almoços, de base tradicional portuguesa.
Há aqui outro estabelecimento mítico: o Estrela d'Ouro, que faz parte da linhagem de cafés que moldaram, durante muitos anos, a vida académica e social do Porto. "Quando reabrimos, muita gente entrava cá para nos dizer que tinha começado aqui o namoro, estudado por cá", contou-nos Fernando Martins, o actual proprietário. Pedro Homem de Mello, Eugénio de Andrade e Óscar Lopes são algumas das figuras do mundo literário associadas à tertúlia que aí se reunia.
A decadência dos últimos anos foi interrompida em 2007, com obras profundas, que alteraram por completo a decoração, sem quaisquer traços do passado. Agora, a cafetaria tem pouco peso, sendo o piso térreo essencialmente dedicado a almoços (com pratos do dia) e jantares. A ementa concentra-se nas pizzas (há rodízio por 12,90 euros) e no serviço de grill. No primeiro andar, estão seis bilhares, enquadrados num espaço de bar, aberto pela noite dentro (a cozinha funciona até às 2h00). Nas quartas-feiras académicas, o fino é a um euro.
No outro lado da rua, o restaurante Companhia dos Morfes assentou arraiais no número 34, depois de mais de uma década na Foz do Douro. A cozinha também fecha apenas às 2h00, aos fins-de--semana, sendo que os lombinhos de porco preto são o ex-líbris deste local requintado. O menu em inglês denuncia o óbvio: os turistas andam por aqui e são um dos alvos."

Artigo de João Pedro Barros, in Público

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Lamb no Marés Vivas

Ora, mais uns repetentes aqui no meu estaminé, desta vez com a boa notícia da sua vinda ao Festival Marés Vivas a 16 de Julho. No mesmo dia...Primal Scream..parece-me bem!
A ver vamos se este ano dá para ir até à beira do rio, ao contrário do ano passado.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Jorge Palma - Tempo dos Assassinos

Quero o silêncio do arco íris
Quero a alquímia das estações
Quero as vogais todas abertas
Quero ver partir os barcos
Prenhos de interrogações

Amo o teu riso prateado
Como se a lua fosse tua
Vou pendurar-me nos teus laços
Vou rasgar o teu vestido
Eu quero ver-te nua

Vivemos no tempo dos assassinos
Tempo de todos os hinos
Ouvimos dobrar os sinos
Quem mais jura
É quem mais mente

Vou arquitectar destinos
Sou praticamente demente.......

Eu quero ver-te alucinado
Eu quero ver-te sem sentido
Sem passado e sem memória
Quero-te aqui no presente
Eternamente colorido

Porque abomino o trabalho
Se trabalhasse estava em greve
Se isto não te disser tudo
Arranja-me um momento mudo
O menos possível breve

Vivemos o tempo dos assassinos
Tempo de todos os hinos
Ouvimos dobrar os sinos
Quem mais jura
É quem mais mente

Vou arquitectar destinos
Sou praticamente demente.......

Amo o teu riso prateado
Como se o Sol só fosse teu
Vou pendurar-me no teu laço
Amachucar-te essa camisa
Como se tu fosses eu
Como se tu fosses eu
Como se tu fosses eu

in Jorge Palma (2001)

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Rua das Carmelitas

"A movida nocturna instalou-se à porta da mítica e centenária Livraria Lello

O Era Uma Vez no Porto, o mais recente bar da Baixa, está desde há uma semana mesmo ao lado do famoso estabelecimento, que atrai milhares de turistas todos os dias

Em Janeiro de 1906, a inauguração da Livraria Lello & Irmão (que então se chamava Chadron) atraiu a atenção de figuras como o poeta Guerra Junqueiro, o líder republicano Afonso Costa e Aurélio da Paz dos Reis, o pioneiro do cinema em Portugal. Mais de 100 anos depois, os flashes das máquinas fotográficas dos turistas são a imagem mais comum à entrada deste edifício classificado e ícone do Porto. Antero Braga, um dos sócios da Prólogo Livreiros, que detém a Lello desde 1994, estima que mais de 1000 estrangeiros por dia façam compras na livraria, entre os meses de Maio e Agosto. A Rua das Carmelitas está também no epicentro do movimento nocturno da Baixa, dando acesso às concorridas ruas Galeria de Paris e Cândido dos Reis. Por isso, não é coincidência que aqui tenha aberto um novo bar: o Era Uma Vez no Porto "transferiu-se" do Passeio Alegre há pouco mais de uma semana.
Mas voltemos uns séculos atrás: por que o arruamento recebeu o nome dos Carmelitas? A explicação é simples: aqui existiu, entre os séculos XVIII e XIX, um convento dos Carmelitas Descalços, extinto em 1833, depois da vitória do regime liberal. Hoje, não resta qualquer vestígio do edifício, que deu lugar, em 1903, à construção do chamado bairro das Carmelitas (entre a Praça Guilherme Gomes Fernandes e as ruas de Santa Teresa e Conde de Vizela).
De regresso ao presente, falemos da actual orientação da livraria Lello, considerada pelo jornal britânico The Guardian como a terceira mais bela do mundo. O título deve-se não só à fachada (entre a Arte Nova e o neo-gótico), mas também ao seu interior, que se destaca pela escadaria e pelo amplo vitral no tecto, para além da presença de bustos de escritores como Eça de Queirós, Camilo Castelo Branco ou Antero de Quental. O atendimento especializado e os livros de autores portugueses em língua estrangeira, destinados maioritariamente aos turistas, são os grandes orgulhos da actual gerência, que passa "ao lado da crise". No piso superior há ainda uma vertente de galeria de arte, com obras de pintura e escultura, e um pequeno bar, limitado a bebidas.
Porém, a Lello não é a única livraria histórica da Rua das Carmelitas. No lado oposto está a Livraria Fernando Machado, fundada em 1922, cujo período áureo se deu nas décadas de 1940 e 1950, quando se assumiu como uma das mais importantes editoras portuguesas na área do livro técnico. Por este antigo espaço de tertúlia de médicos, juristas e opositores ao Estado Novo passaram ainda quatro exemplares da primeira edição de Os Lusíadas. Em 2006, com a fachada de talha de madeira e vidro recuperada, reabriu pela mão de Paulo Samuel, responsável pela editora Caixotim e livraria homónima, na Rua dos Clérigos. No entanto, passados três meses, a Fernando Machado voltou a encerrar, devido a um processo de insolvência em que Paulo Samuel foi uma vítima colateral. "Se houver condições, gostava muito de retomar o projecto", contou ao PÚBLICO.

Era uma vez na Baixa

O mais recente bar da Baixa chama-se Era Uma Vez no Porto e está no primeiro andar do número 162, na porta da Ourivesaria dos Clérigos. O espaço está aberto todos os dias à noite (a partir da próxima semana, a abertura é antecipada para as 15h), destacando-se pela sua varanda, com uma vista que abrange a Praça de Lisboa (ainda encerrada, à espera da prometida requalificação), a Torre dos Clérigos e a Praça dos Leões. Nos próximos meses deve surgir a loja Gira Discos, numa sala contígua, com CD, vinis e livros. O indie rock vai ser dominante na selecção musical do bar, que não tem consumo obrigatório.
A artéria também é conhecida pelo comércio, com destaque para os Armazéns Marques Soares, a caminho dos 50 anos. Tudo começou no número 92, com 150 metros quadrados. Agora, através da aquisição de vários imóveis, ligados de forma labiríntica, os armazéns têm mais de 10.000 metros quadrados, distribuídos por cinco pisos, onde já se nota o passar dos anos. A oferta abrange roupa de homem, senhora e criança, estofos e decorações, cristais, relojoaria e até uma secção de tamanhos grandes.
Os Armazéns da Capela, ou A Pompadour, são um estabelecimento centenário, com um belo pára-sol de ferro e vidro. A mais antiga loja portuense da Vista Alegre está na esquina com a Rua Cândido dos Reis. E a Fernandes, Mattos & Ca., mais acima, merece uma visita mesmo sem compras: as velhas colunas em ferro fundido (da Fundição do Ouro), as bancadas em madeira e os vitrais levam-nos numa viagem até 1886, data de abertura desta antiga casa de tecidos, agora dedicada aos pequenos objectos do lar e artesanato português. Segundo nos contou o gerente, Paulo Fernandes, Marques da Silva foi um dos arquitectos."

Artigo de João Pedro Barros, in Público

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Festa do Cinema Italiano



Este ano, pela primeira vez, a Festa do Cinema Italiano chega ao Porto, neste fim de semana no Teatro do Campo Alegre.
Programação completa
aqui.